Aurelino Manoel dos Santos
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Data da morte:06/11/1984
Local:Monte Alegre de Minas
Aurelino Manoel dos Santos, de 48 anos, foi assassinado pelo fazendeiro Nicanor Conegundes Peres na Fazenda Campo Alegre, de propriedade de Edgar Figueira Peres, filho de Nicanor. De acordo com inquérito policial, Aurelino foi assassinado no dia 06/11/1984, por volta das 15h30. No momento da morte, Aurelino estava trabalhando ao lado de seu patrão, Edgar Figueira Peres, ocupados na cura de um boi preso em um tronco, quando chegaram na fazenda Nicanor Conegundes Peres e o seu irmão Antônio Gervásio Figueira. Imediatamente iniciaram uma discussão com Aurelino, sacaram os revólveres e, sem dar qualquer chance de defesa, atiraram várias vezes, provocando a morte imediata do trabalhador rural. O fato ocorreu, segundo o inquérito, “em virtude da animosidade e aversão que sentia o primeiro denunciado [Nicanor Conegundes] em relação à vítima, em função da qual já vinha tentando há certo tempo a contratação de um pistoleiro que lhe desse cabo.”
De acordo com a publicação “Assassinatos no campo crime e impunidade, 1964- 1986”, Aurelino Manoel dos Santos foi atingido por três tiros sem que houvesse a menor discussão. “Sabe-se que Aurelino reivindicava aumento salarial e o cumprimento das leis trabalhistas.”
Os dois denunciados, Nicanor Conegundes Peres e Antônio Gervásio, Figueira foram processados e submetidos a julgamento pelo Egrégio Tribunal de Júri, que, por quatro votos a três, reconheceu que:
"O réu Nicanor Conegundes Peres concorreu para a prática do crime, planejando-o e conduzindo o co-réu Antônio Gervásio Figueira, o qual estava a seu serviço, até o local onde se encontrava a vítima. Por esta mesma votação foi reconhecido ter o réu praticado o crime de modo a dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima atacando-a de surpresa ou desprevenida."
Em 04/04/1991, Nicanor Conegundes, com 65 anos, foi condenado a 12 anos de reclusão e deveria iniciar a pena em regime fechado. O réu recorreu da sentença, mas teve o pedido negado. Já Antônio Gervásio Figueira encontrava-se foragido. O nome de Aurelino Manoel dos Santos é citado nas publicações “Camponeses mortos e desaparecidos: Excluídos da Justiça de Transição”, “Relatório final: Violações de Direitos no campo 1946 a 1988”, “Assassinatos no Campo: crime e impunidade 1964 – 1985”, “Retrato da Repressão Política no Campo – Brasil 1962-1985 – Camponeses torturados, mortos e desaparecidos” e “Fetaemg 30 anos de luta: 1968 a 1998”.