Data de desaparecimento:10/10/1985

Local:Engenheiro Caldas

Divino Balbino Lana era lavrador e possuía 29 anos quando desapareceu. Ele foi retirado algemado de uma oficina mecânica em Engenheiro Caldos e colocado à força em um veículo, após esse evento não foi mais visto. O crime teve como mandante o fazendeiro Nilton de Andrade Flores que pagou ao soldado reformado Elizeu Ferreira de Souza a quantia de Cr$12 milhões para eliminar Divino.

O motivo para o desaparecimento foi que, antes anos, os fazendeiros Ariel Flores de Mendonça, pai de Nilton de Andrade Flores, João Jocoico e Antônio Vitório de Nalon invadiram as terras de Lucinda Maria de Jesus, avó de Divino, localizadas no Córrego dos Ilhéus, área rural de Engenheiro Caldas. Eles realizavam constantes ameaças a Lucinda Maria de Jesus e à sua filha Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Divino, para abandonarem a área. Divino, que morava em Belo Horizonte, voltou a residir na terra e entrou com uma ação da Justiça contra os fazendeiros. O conflito pela terra foi o motivo que levou o fazendeiro Nilton de Andrade Flores a contratar o soldado reformado Elizeu Ferreira de Souza, conhecido pistoleiro da região, para efetuar o crime.

A mãe de Divino prestou queixa sobre o desaparecimento do filho e, dias depois, Nilton de Andrade foi preso e confessou o crime, sendo levado para a 5ª Delegacia Regional de Polícia de Governador Valadares. Nilton de Andrade alegou legítima defesa informando que Divino, em duas ocasiões, havia tentado acabar com a sua vida. Sobre o pagamento do pistoleiro, que estava foragido, Nilton informou que:

"O dinheiro para o pistoleiro eu consegui emprestado, Cr$ 2 milhões com o fazendeiro João Jocoico, Cr$ 2 milhões com meu irmão José Roberto e Cr$ 1 milhão com meu outro irmão Nivaldo Flores, todos residentes em Engenheiro Caldas, sendo que João Jocoio também é proprietário de quatro alqueires no terreno."

O nome de Divino Balbino Lana consta nas publicações “Camponeses mortos e desaparecidos: Excluídos da Justiça de Transição”, “Relatório final: Violações de Direitos no campo 1946 a 1988”, “Retrato da Repressão Política no Campo – Brasil 1962-1985 – Camponeses torturados, mortos e desaparecidos” e “Fetaemg 30 anos de luta: 1968 a 1998”.

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