Data da morte:1977

Local:Localidade de Monte Alverne, município de Miradouro

Maria Bernardina e seu filho Antônio “Velho” tinham uma pequena propriedade e algumas cabeças de gado, eram trabalhadores rurais e foram mortos a facadas quando estavam em casa. Relatos de quem vivia na região na época dão conta de que um grupo armado com facas chegou à residência à noite chamando por Antônio “Velho”, que foi esfaqueado. A mãe ouviu o barulho e chegou com uma lamparina para ver o que havia ocorrido, quando se deparou com os suspeitos, que a atingiram em seguida. Ela também teria sido esfaqueada e degolada.

O histórico da violência contra os trabalhadores rurais no município de Miradouro tem como marco a atuação da família Ribas, cujos irmãos ficaram conhecidos na região como “irmãos Cadetes”. Segundo documentos encontrados nos arquivos do Cedefes e da CPT-MG, desde que se instalaram na localidade de Monte Alverne, distrito de Miradouro, tal família passou a espalhar o medo e a ameaçar os moradores da região que se colocassem em seu caminho.

Conforme correspondência da CPT-MG incorporada ao relatório dos conflitos de terra elaborado pela coordenadoria de conflitos agrários do Mirad/INCRA em 1986:

"Esse clima de terror teve início, segundo os trabalhadores da região, com a chegada da família Ribas, vulgarmente conhecida como ‘os cadetes’, que teriam assassinado em 1977 Maria Bernardina e Antônio “Velho” (mãe e filho) [...]."

Outro relato da CPT-MG informa que “investigações policiais revelaram [...] o envolvimento dos Cadetes nos assassinatos da pequena proprietária Maria Bernardina e de seu filho Antônio ‘Velho’”.

Moradores da região e os relatos da CPT, entretanto, dizem que também existe a suspeita de que familiares de Antônio “Velho” poderiam ser os mandantes do crime, praticado com participação dos Ribas, visando ficar com a pequena propriedade pertencente a Maria Bernardina e ao filho.

Como Antônio “Velho” era solteiro e não tinha filhos, os moradores acreditam que os mandantes do crime tinham o intuito de se apossar de suas terras. Suspeita- se que essas tenham sido as primeiras mortes a marcar a era de violência e medo na região de Miradouro, Araponga e Ervália.

Pelo fato de nas denúncias encontradas constarem apenas o nome “Antônio Velho”, sendo “Velho” um apelido, e a Covemg não ter conseguido identificar o nome completo de Antônio, não foi possível localizar o atestado de óbito ou processo que possa ter sido instaurado no Fórum da Comarca de Muriaé, que atendia os casos de Miradouro na época. Também por isso, a Covemg não teve condições de apurar a relação com a família Ribas nem se a suposta motivação para o crime se confirma. Algumas fichas com referência a Antônio Ribas de Oliveira como réu foram localizadas no Fórum da Comarca de Muriaé e em uma delas consta o nome da Antônio Geraldo Neto como vítima. Ele foi assassinado em Monte Alverne e poderia ser Antônio Velho, mas a data do crime é diferente (1968 e, não, 1977). Antônio Geraldo Neto também poderia ser “Antônio do Beijo”, que foi assassinado na região tendo as suspeitas recaído sob os Ribas. Não se sabe se “Antônio do Beijo” era camponês – por isso ele não foi incluído na lista de mortos no período – e os documentos que mencionam sua morte citam apenas que teria ocorrido por desentendimentos políticos com os cadetes.

Os nomes de Antônio “Velho” e Maria Bernardina são citados nas publicações “Conflitos de terra no Brasil, 1986” e “Conflitos de terra, vol II, 1986”.

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