Data da morte:22/11/1985

Local: Mato Verde

Geraldo Alves da Silva, 37 anos, morava e trabalhava nas terras do fazendeiro Antônio Celso Silveira há 11 anos e nos meses anteriores ao assassinato, o latifundiário estava descumprindo os tratos feitos com o trabalhador e ameaçando- -o de morte. Geraldo Alves da Silva fez várias denúncias do ocorrido à delegacia regional de Janaúba. A Fetaemg também ingressou com notificação criminal contra o fazendeiro, porém nenhuma providência foi tomada.

No dia 22/11/1985, aproximadamente às 17h, Geraldo Alves da Silva voltava para casa, na fazenda Barreirinho, município de Mato Verde, quando foi vítima de uma emboscada perpetrada pelos pistoleiros Marciano Martins dos Santos e Osmar Messias dos Santos, a mando do fazendeiro e dirigente do PMDB de Mato Verde, Antônio Celso Silveira. Tereza Carlos dos Santos testemunhou o assassinato e disse que:

"Marciano começou a atirar e a vítima [Geraldo] tentou se esconder, pois sua arma estava sem munição; o filho menor da vítima, presenciando o fato, observou que o acusado Osmar, também armado, tentou atingir a vítima pelas costas; o menino alertou o pai e este se voltou e o acusado Marciano aproveitou para atirar na vítima pelas costas."

A Covemg teve acesso ao processo de investigação do assassinato de Geraldo Alves da Silva (Autos nº 0429.03.0027117-2) e constatou a morosidade e impunidade dos criminosos. Até hoje o crime não foi julgado, sendo que o último registro deste processo data de 2009, quando o juiz de Monte Azul submeteu os acusados Antônio Celso Silveira, Marciano Martins da Silva e Osmar Messias dos Santos a julgamento pelo tribunal do júri, tendo o direito de recorrerem em liberdade.

A violência no campo em Minas Gerais foi tamanha que, entre abril de 1984 e março de 1986, foram assassinados 26 trabalhadores rurais, fato que mereceu a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Foi pedido melhor investigação das mortes desses camponeses, inclusive de Geraldo Alves da Silva. Seu nome consta nas publicações “Camponeses Mortos e Desaparecidos: Excluídos da Justiça de Transição”, “Relatório final: Violações de Direitos no campo 1946 a 1988” e “Conflitos de terra no Brasil, 1985”.

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